Os cerca de 37 mil olivicultores transmontanos produziram, durante a última campanha, cerca de 15 mil toneladas de azeite.

O número é avançado pelo presidente da APPITAD – Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro. Francisco Pavão adianta que a campanha superou as expetativas. “O balanço é bastante positivo, quer em termos de quantidade de azeitona e de azeite, mas sobretudo em termos de qualidade que se manteve em excelente qualidade”.

E Francisco Pavão sublinha que a manutenção desta quantidade e qualidade do azeite transmontano é assegurada em condições bem menos vantajosas do que, por exemplo, no Alentejo, onde existe água em abundância.

O presidente da APPITAD volta a insistir que é urgente que o Governo invista num plano de regadio para a região transmontana. “Esta questão do regadio é fundamental, não a nível concelhio, mas ao nível intermunicipal que sejam criadas estruturas. Nós todos os dias, vemos passar água nos rios da região. Chove imenso, mas pouca desta água é armazenada. É fundamental que nós se queremos subsistir em Trás-os-Montes sejam criadas pequenas bacias de água que permitam aos agricultores regar. Mas sobretudo é necessário, que se eduquem os agricultores para a prática da rega, através do uso eficiente da água”, explica Francisco Pavão.

O dirigente desta associação adianta que para chegar a este patamar de excelência da qualidade do azeite de Trás-os-Montes, há vários fatores a contribuir. “Primeiro, a região manteve uma aposta clara nas suas variedades tradicionais. 99% do olival que foi plantado manteve a tipologia do olival tradicional da região, como a cobrançosa, a madural, a verdial, a cordovil, pelo que os azeites mantêm um perfil constante de qualidade. Depois, os nossos produtores continuam a tratar o olival com bastante carinho e antecipou-se bastante a colheita, o que se traduz numa grande qualidade”, refere Francisco Pavão que destaca ainda “as condições naturais, as variedades e o terroir permite obter um azeite distintos e bastante diferenciados”.

O presidente da APPITAD diz ainda ser urgente que o Governo avance com um plano estratégico para a defesa e valorização do olival tradicional português. “Urge encontrar um plano de salvaguarda deste tipo de olival e que não olhe só para a produtividade, mas também como um olival que contribuiu para a biodiversidade, para a definição do mosaico da paisagem e fixação de populações, caso contrário, muitos olivicultores podem vir a abandonar essa prática”, alerta.

E para reforçar essa reivindicação, Francisco Pavão deixa um indicador importante. O dirigente lembra que os azeites obtidos a partir de olivais tradicionais têm ganho cerca 80 por cento dos prémios nacionais e internacionais do setor nos últimos anos.

Jornalista: Fernando Pires

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