Estamos já na segunda semana de setembro, com o verão quase a terminar e o tempo das generalidade das festas e celebração dos Santos Padroeiros e Populares, consequentemente, a expirar!…
É certo que há ainda algumas festividades para realizar e outras que estão a acontecer.
Sem menosprezar nenhuma outra atividade festiva, não posso deixar de referir, as celebrações do Divino Senhor da Agonia dos Chãos – Vale de Nogueira, cujas ações religiosas e lúdicas, decorreram, de cinco a catorze do corrente mês de Setembro.
Isto porque, para além de ser ponto de passagem habitual, para as deslocações à minha aldeia, Frieira, o que faço com bastante frequência, ligam-me, ao lugar dos Chãos e ao Divino Senhor da Agonia, memórias que remontam à minha meninice. Primeiro pela identidade construída com a religiosidade, desde o tempo em que os representantes da respetiva Confraria se deslocavam de aldeia em aldeia, recolhendo os donativos, passando habitualmente pela casa dos meus pais e pela “ida à festa”. Depois, porque havia, na região, ligação à Feira dos Chãos, fazendo, até, as deslocações a pé, para comprar ou vender produtos diversos ou animais domésticos.
E, neste contexto, não me esquecerei da merenda que, em família, era preparada e comida na Festa dos Chãos. Não admira, por isso, que tenha ficado a familiaridade com o lugar e o santuário. E o que acontece comigo, acontece, certamente, com milhares de pessoas do Nordeste Transmontano e do norte do país.
Assim, como é habitual, a programação, para este ano, foi vasta e diversificada, tendo como referência principal, a celebração da Eucaristia Solene, cerimónia a que presidiu o Bispo da Diocese, D. José Cordeiro, englobando, também, o Encerramento da Visita à Unidade do Divino Senhor da Agonia.
Tendo em conta o programa, devo dizer que, uma vez mais, motivos para ir à Festa do Divino Senhor da Agonia dos Chãos, não faltaram. A vários níveis, sobretudo, agora, que a acessibilidade rodoviária melhorou consideravelmente.
É que, para além do grande espaço livre que envolve o complexo, o santuário, está posicionado num contexto que, geograficamente, consegue congregar gentes das mais variadas origens e lugares. Ali torna-se possível, de forma fluente e emergente, partilhar o mesmo ambiente, num contexto social heterogéneo, é certo, mas convergente na fé, o que se revela como um reflexo positivo da intimidade espiritual e comunhão na Fé.
E essa manifestação, pode ser, também, considerada um sinal de esperança e confiança no trabalho dos leigos, sobretudo da Comissão de Festas, à qual, com dedicação e empenho, preside o professor, Marcolino Gonçalves, reunindo esforços para dar continuidade à construção de infraestruturas, cada vez mais confortáveis e acolhedoras, promovendo um mundo mais justo e fraterno.
Trata-se, com efeito, de um lugar de encontro, onde as pessoas podem refletir e interagir de uma forma criativa e dinâmica, com entusiasmo e vivacidade, potenciando os laços de religiosidade e amizade, que confortam, unem e fortalecem.
È, com efeito, importante que, quem passa, ou ali se desloca, aproveite, o momento e o tempo, no envolvimento saudável e, no final, faça uma reflexão e uma avaliação da comunicação realizada, quer ao nível da espiritualidade, quer ao nível da afetividade, de modo a compreender se valeu a pena e se a sua presença e partilha vão contribuir, ainda que minimamente, para melhorar a vida quotidiana de cada um no seu ambiente diário.
Que o Divino Senhor da Agonia dos Chãos, desperte e potencie a racionalidade, onde se pretende que a fé seja sempre inseparável da afetividade e da inteligência, integrada no âmbito de uma vivência e cultura popular, profundas, fazendo confluir a energia positiva, mantendo-se o respeito pela integridade e os ritmos de cada um dos forasteiros.
Artigo escrito por Nuno Pires