ATLETA DO MIRANDELA BASQUETE CLUBE DESCREVE MOMENTOS DRAMÁTICOS QUE ANTECEDERAM A MORTE DE PAULO DIAMANATINO:

“LEVANTOU-SE E CAIU-ME NOS BRAÇOS”

O basquetebol nacional está de luto pela morte de Paulo Diamantino, treinador-jogador do Mirandela Basquete Clube (BC), criado em 2020, depois da extinção de secção do Sport Clube Mirandela, de onde transitou praticamente todo o staff para este novo clube.

O antigo internacional português, que completaria 35 anos, este sábado, caiu inanimado, após uma paragem cardiorrespiratória, esta sexta-feira à noite, durante o jogo entre a equipa mirandelense e a Juventude Pacense, realizado em Paços de Ferreira, a contar para o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, sob o olhar dos atletas, um deles o irmão gémeo, João Diamantino, também atleta do Mirandela.

“Ele começou o jogo no banco e 4, 5 minutos antes de acabar o primeiro período de jogo entrou e fez aquele tempo normalmente ninguém notou nada de anormal”, conta Francisco Valfreixo um dos jogadores do Mirandela BC.

“Quando acabou esse período, estava a dar as indicações a todos os atletas e após o tempo de intervalo, levantou-se para jogar, mas nessa altura, disse para um outro atleta para entrar no seu lugar porque estava a sentir uma quebra de tensão. Estava ao lado dele, quando se levantou e caiu-me nos braços. É uma imagem que ainda está muito recente”, confessa o jovem atleta, emocionado.

Paula Diamantino encontrava-se em paragem cardiorrespiratória, quando os meios de socorro chegaram ao local – Bombeiros Voluntários de Paços de Ferreira e equipa da VMER (viatura médica de emergência e reanimação) do Vale do Sousa – e apesar de várias manobras de reanimação, o atleta acabou por não resistir. “Estava lá um enfermeiro, que esteve a fazer o suporte básico de vida, enquanto não chegou o INEM, depois tentaram com o desfibrilhador, com o oxigénio, com as injeções de adrenalina, ele ainda reagiu algumas vezes, mas depois de uma hora a tentar já não havia mais nada a fazer”, conta.

Paulo Diamantino, natural de Bouça, concelho de Mirandela, onde trabalhava, desde há quatro anos, numa empresa da família, era treinador-jogador da equipa sénior do Mirandela Basquete Clube e nos últimos anos ainda treinou as camadas jovens do Sport Clube Mirandela.

Paulo Diamantino deixa três filhos menores, dois deles gémeos, que também praticavam basquetebol nas camadas jovens do clube.

Os gémeos, Paulo e João Diamantino, “irmãos Diamantino” como são conhecidos no seio da modalidade, iniciaram ambos a sua carreira no basquetebol profissional no Futebol Clube do Porto, quando se deslocaram para a cidade invicta para estudar na Faculdade. 

Paulo Diamantino foi atleta do F. C. Porto, onde conquistou duas Taças de Portugal, Vitória de Guimarães, Maia Basket e representou várias vezes a Seleção Nacional de Basquetebol.

O FC Porto já reagiu à morte dirigindo “sentidas condolências à família e amigos” do basquetebolista. 

O Maia Basket decidiu retirar o número 6 como forma de homenagear o antigo atleta do clube. “Pela dedicação ao Maia Basket Clube, exemplo de humildade, homem e atleta, decidiu a direção reservar o número 6 à sua memória. Para sempre serás o nosso guerreiro campeão. Obrigado por fazeres parte da nossa história”, pode ler-se na nota assinada pelo presidente do clube, Rui Lopes. 

Por decisão da Federação Portuguesa de Basquetebol, todos os jogos deste fim de semana estão a ser antecedidos de um minuto de silêncio em memória de Paulo Diamantino.

Foi o segundo atleta a morrer em Portugal, em 2021, um dia depois de o futebolista Alex Apolinário, do Alverca, não ter resistido às sequelas provocadas por uma paragem cardiorrespiratória durante um jogo relativo ao Campeonato de Portugal.

Apaixonado pelo Basquetebol

O diretor técnico do Mirandela BC não tem dúvidas que se perdeu a maior referência da modalidade na região transmontana. “Deu tudo o que tinha pelo basquetebol, porque ele vivia isto do fundo do coração. Era apaixonado por isto e vivia intensamente a modalidade”, diz Joaquim Pereira.

“Ele gostava de jogar, de treinar e era extremamente profissional. O basquetebol era a segunda vida dele, mas muito a sério, não era daqueles que levava isto para ganhar uns trocos e por um segundo emprego. Nada disso, esta era a sua grande paixão”, acrescenta”.

Para Francisco Valfreixo, o treinador-jogador do Mirandela BC “era uma pessoa muito focada, enquanto treinador não havia qualquer tipo de falha, era muito metódico, mas tinha sempre um sorriso na cara, era uma pessoa incrível”, afirma o jovem atleta do clube mirandelense.

Jornalista: Fernando Pires 

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