No fim de março do ano passado, ainda o número de infetados em Portugal tinha acabado de ultrapassar os seis mil e havia 140 mortes por covid-19, menos de um mês após o primeiro caso no país, e já se falava lá fora num “milagre português”. Mas logo os franceses alertaram que se podia estar a “falar cedo demais”. E assim foi.

Portugal terminaria o ano com mais de 413 mil casos e quase sete mil óbitos. E o pior ainda estava para vir. “Pesadelo depois do Natal”, escreveram os espanhóis, destacando um país que em janeiro liderava mundialmente em número de novos contágios e em média de mortes. Um país que esteve perto do abismo, mas que parece estar agora a recuperar do trauma da terceira fase da pandemia.

“O país que foi um exemplo na luta contra o vírus está na vanguarda mundial em vítimas depois de festas quase sem restrições”. A frase, num artigo do jornal espanhol “El País” publicado no dia 6 de fevereiro, resume na perfeição a forma como Portugal foi visto lá fora durante o primeiro ano da pandemia. Se há um ano se falava em “milagre”, pela forma como o país havia conseguido controlar a primeira fase, o mesmo não se podia dizer no início de 2021, em que a ressaca do Natal e do Ano Novo trouxe uma onda descontrolada de novos casos e óbitos diários.

“Nesta pandemia, Portugal pisou o céu e o inferno”, diziam os espanhóis, referindo que o país estava “no topo do planeta em infeções e na média diária de mortes” e que “teve que pedir ajuda internacional”. Os números, escrevia o “El País”, eram “assustadores”. “Metade das mortes por covid em Portugal ocorreram em janeiro e a incidência por 100 mil habitantes em 14 dias atinge números nunca antes vistos”. A culpa, concordavam cidadãos e especialistas, foi das restrições do Natal. Ou a falta delas.

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