Cerca de meia centena de colmeias foram roubadas de um apiário instalado num terreno, em Estevais da Vilariça, no concelho de Torre de Moncorvo, que pertencia a Emanuel Morgado.

Não se sabe ao certo o dia em que aconteceu o furto, até porque o apicultor só deu conta do sucedido quando se deslocou ao apiário, na passada quarta-feira. “Tinha entre 40 a 50 colmeias e fui lá para retificar alimentos para a manutenção de Inverno, mas quando cheguei, para meu espanto, tudo tinha desaparecido. Fiquei de rastos”, lamenta.

Emanuel Morgado revela que os prejuízos são avultados. “O preço das caixas e dos enxames rondaria os cinco, seis mil euros”, diz. Mas, “se pensarmos na perda de produção da próxima Primavera, estamos a falar de outro tanto, pelo que no total deve andar nos 10 mil euros de prejuízo”, conta.

No entanto, para este apicultor, o prejuízo não é só contabilizado desta forma. “O maior problema é o trabalho que havia ali, porque estavam lá as matriarcas do próximo ano, da seleção genética, que já faço desde 2013, em que tenho cuidado em selecionar as abelhas rainhas, as mais produtivas, e nesse caso, o prejuízo é ainda maior”, afirma.

Este prejuízo constitui um rombo no orçamento e no rendimento da exploração apícola de Emanuel Morgado que admite mesmo ter chegado a pensar em abandonar a atividade. “Tenho na ordem dos 400 a 500 enxames, dependendo de vários fatores, porque oscila muito conforme os anos, os tratamentos, a mortandade, ou a seca. Desde que ando nisto de uma forma mais séria, desde 2013, nunca tinha pensado em desistir, mas desta vez até me ocorreu, porque foi um soco no estômago e ainda imaginei essa possibilidade, mas não vou desistir”, garante Emanuel Morgado, professor em Alfândega da Fé, mas que, há 10 anos, também se dedica ao setor da apicultura.

Entretanto, depois deste caso de furto de colmeias, a Associação dos Apicultores do Nordeste e a Cooperativa de Produtores de Mel da Terra Quente emitiram um comunicado onde fazem um apelo aos apicultores para “redobrarem a vigilância nos seus apiários, uma vez que se avizinha um período festivo de convívios familiares que deixam campo aberto aos prevaricadores para atuarem na calada da noite”.

Na mesma nota, afirmam que o roubo de colmeias “não é uma situação nova e não é efetuado por delinquentes ou grupos desfavorecidos da sociedade, é efetuado por apicultores sem escrúpulos que conhecem bem os meandros da atividade”.

A Associação dos Apicultores do Nordeste e a Cooperativa de Produtores de Mel da Terra Quente terminam o comunicado dizendo que vai ser solicitado ao comando territorial da GNR dos Distritos de Bragança, Guarda e Vila Real que intensifiquem as operações de controlo.

Jornalista: Fernando Pires

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