A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte) distinguiu, esta quarta-feira, a pintora transmontana.

A atribuição de “Personalidade do Norte 2022” a Graça Morais deve-se, segundo a CCDR-N, ao “relevante e singular legado artístico e cultural” e pelo “nortenho telurismo mágico da sua obra”.

“Grande surpresa” que a deixou contente, por ser de uma região a que está ligada, e por ser reconhecida pelo seu trabalho “da mesma foram que reconhecem um homem”, disse a pintora, em declarações à agência Lusa. A quem também salientou que este é um “reconhecimento de 50 anos de uma dedicação total à pintura e, ao mesmo tempo, uma grande preocupação em relação a estes lugares” onde nasceu, na aldeia do concelho de Vila Flor, onde estudou, em Bragança, e onde deu aulas, em Guimarães.

O prémio “Personalidade do Norte 2022” é constituído por uma peça escultória da autoria de Cristina Massena, arquiteta da chamada Escola do Porto, produzida pelo Done Lab da Universidade do Minho e da BOSCH, em Guimarães, com recurso a tecnologia de manufatura aditiva avançada.

Quem é Graça Morais?

Segundo a biografia construída pela CCDR-N, Graça Morais nasceu em 1948, na aldeia do Vieiro, concelho de Vila Flor, no distrito de Bragança e, aos nove anos, em Moçambique, recebeu do pai a primeira caixa de aguarelas.

Formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, sendo depois bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, onde esteve “em contacto com as grandes correntes artísticas, sem lhe apagar o apego às origens”.

Entre 1974 e 2019, realizou e participou em mais de uma centena de exposições, no país e no estrangeiro, e a “sua obra está representada nas grandes coleções de arte contemporânea em Portugal e em diversas outras além-fronteiras”.

Criou cenografias para teatro e é autora de painéis de azulejos em Lisboa, Bragança, Vila Real, Porto e Moscovo, entre outras cidades.

Ilustrou dezenas de obras de escritores e poetas portugueses, como José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Miguel Torga e Manuel António Pina.

A vida e obra de Graça Morais inspiraram espetáculos e filmes documentais.

Em 2008, viu inaugurado o Centro de Arte Contemporânea com o seu nome, em Bragança, da autoria do arquiteto Eduardo Souto de Moura, numa exposição retrospetiva do seu percurso.

Foi distinguida com o Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira e o Grande Prémio Aquisição da Academia Nacional de Belas-Artes, entre outras distinções, em Portugal e no estrangeiro.

A pintora foi agraciada com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo presidente da República Jorge Sampaio, e com a Medalha de Mérito Cultural pela ministra da Cultura Graça Fonseca.

É membro da Academia Nacional de Belas Artes e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), atribuição realizada já em 2022.

Jornalista: Rita Teixeira

Foto: Orlando Almeida/Global Imagens

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