Uma nova ligação por comboio em Trás-os-Montes, que ligará o Porto, Vila Real e Bragança, está incluída no Plano Ferroviário Nacional (PFN).

O documento, apresentado ontem, em Lisboa, prevê a criação de uma nova linha ferroviária de passageiros que, para ser competitiva com o automóvel, terá que fazer a ligação Porto – Vila Real em menos de uma hora e Porto – Bragança em menos de duas horas.

O plano contempla ainda a reabertura total da linha do Douro, reforçando o anúncio feito pelo ministro das Infraestruturas no início de outubro, em Freixo de Espada à Cinta, com vista à reabertura dos 28 quilómetros do troço entre Pocinho e Barca d’Alva.

O PFN tem como principais objetivos “passar de 4,6% para 20% de quota modal no transporte de passageiros”, “passar de 13% para 40% de quota modal no transporte de mercadorias”, “assegurar ligação com elevada qualidade de serviço aos 28 centros urbanos de relevância regional, que incluem todas as capitais de distrito, potenciando o seu desenvolvimento”.

Ainda que não estabeleça prazos, o PNF tem um horizonte indicativo de conclusão até 2050.

O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos (PS), disse que o anúncio de hoje é uma “excelente notícia”.

“Acho que é o princípio de um processo que nos levará a dar um passo em frente em direção ao futuro. É verdade que será algo mais demorado do que aquilo que desejamos, mas para que algo nasça é primeiro necessário semear e estamos a semear para que haja uma verdadeira revolução nos transportes também no distrito e no Interior do país”, afirmou à agência Lusa.

Rui Santos salientou que, agora, todos podem e devem contribuir para melhorar o documento em sede discussão pública, mas considerou que a “base de discussão é muito positiva para a região”.

Na sua opinião, esta linha de velocidade elevada deveria também contemplar o transporte de mercadorias, para além do transporte de passageiros.

O presidente da Câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves (PSD), realçou que o PNF, que irá agora para discussão publica, “contempla a inclusão da reabertura da linha do douro até Barca d’Alva, assim como a ligação futura entre capitais de distrito, Vila Real e Bragança”.

“Apesar de podermos contribuir para melhorar o documento em sede discussão pública, temos uma base de discussão bastante positiva para a região”, frisou.

Também a Associação Vale d’Ouro se congratulou pela inclusão das linhas do Douro e de Trás-os-Montes no documento, lembrando que são causas que tem defendido.

Sediada no Pinhão, no concelho de Alijó, a associação tem estado na linha da frente da defesa da linha ferroviária do Douro e da sua reativação até Espanha e já tinha apresentado também uma proposta para uma nova linha ferroviária de alta velocidade em Trás-os-Montes.

A defesa da reabertura da Linha do Douro reiniciou-se em 2018 e culminou no anúncio, no início de outubro, do lançamento do concurso para o projeto de execução que conduzirá à reabertura até Barca d’Alva.

Sobre a linha do Douro, Luís Almeida, presidente da direção da instituição, disse que “falta considerar o tráfego de mercadorias e a reabertura para Espanha.

Relativamente à Linha Trás-os-Montes defendeu que esta deveria ter início no aeroporto, em vez da proposta de Caíde que, na sua opinião, “já tem muito tráfego urbano”.

No final da cerimónia de apresentação do Plano Ferroviário Nacional, em Lisboa, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o documento voltará a ser apreciado em reunião do Conselho de Ministros, dizendo esperar que nessa ocasião seja possível haver “um bom entendimento”.

Por: Lusa

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