Uma densa nuvem de fumo cobriu esta terça-feira o céu de Chaves, resultado dos violentos incêndios que lavram em Cambedo da Raia e Vilar de Perdizes, Montalegre, junto à fronteira com Espanha. Do lado português, as autoridades mobilizaram 243 operacionais, apoiados por 76 viaturas e três meios aéreos, numa tentativa de travar o avanço das chamas que ameaçam várias aldeias da região.
A situação agrava-se com os fogos que chegam da Galiza, onde as autoridades locais enfrentam um dos piores cenários de que há memória. O incêndio de Ourense, que já devastou 20 mil hectares em apenas alguns dias, foi classificado como o mais grave da história da região. A Proteção Civil galega enviou mensagens de alerta para os telemóveis dos habitantes de 30 municípios, pedindo medidas urgentes de autoproteção.
Os números são alarmantes: segundo o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Rurais, os fogos em Espanha já consumiram 344 mil hectares.
Nas últimas horas, as chamas atingiram a encosta sul dos Picos de Europa, obrigando ao encerramento de troços do Caminho de Santiago, rota histórica de peregrinação que liga França a Santiago de Compostela.
“Esta é uma situação de incêndios que não havíamos experienciado em 20 anos”, afirmou Margarita Robles, ministra da Defesa espanhola, em declarações à rádio Cadena SER. “As chamas têm características especiais, resultado do aquecimento global e da intensa onda de calor que atinge a Península Ibérica,” afirmou a ministra do país vizinho.
O Governo regional da Galiza já reconheceu que não dispõe de meios suficientes para enfrentar a tragédia e pediu reforços urgentes. Até ao momento, o Exército espanhol mobilizou 1.900 militares para apoiar as operações, mas o combate continua dificultado pela densa fumaça que limita a ação dos meios aéreos.
No lado português da fronteira, a preocupação cresce. As populações do Alto Tâmega e do Barroso vivem horas de angústia, perante o risco de os incêndios galgarem território nacional. Em várias localidades, as chamas já consumiram habitações e provocaram vítimas mortais.
Os cerca de 20 grandes incêndios ativos na Galiza estão a transformar-se numa ameaça direta para o Norte de Portugal, onde o fumo espesso e o cheiro a queimado já se fazem sentir com intensidade.





A Redação
Fotos: DR