Artigo de opinião escrito por Ana Maria Pereira- Nutricionista/ Prof Adjunta do Instituto Politécnico de Bragança- Escola Superior de Saúde

A época natalícia é muito mais do que um simples momento de celebração religiosa; é uma verdadeira manifestação cultural, repleta de simbolismo, onde as tradições familiares, a fé e a gastronomia se unem para perpetuar memórias, sabores e valores que atravessam gerações. Cada prato na mesa de Natal é mais do que alimento: é um símbolo da nossa memória coletiva e da perpetuação das crenças e valores que moldam a identidade de um povo. 

Historicamente, o contexto católico conferia à véspera de Natal o caráter de jejum e abstinência de carne, como preparação espiritual para o nascimento de Cristo. O “bacalhau com todos” acompanhado de batatas, couves, ovos cozidos e azeite, tornou-se o prato central desta festividade, refletindo o espírito de humildade, simplicidade e união, fundamentais na tradição natalícia. 

Em algumas regiões de Portugal, como o Minho e os Açores, o polvo é também uma presença habitual. O polvo ao lagareiro, regado com azeite e servido com batatas a murro, representa não só a diversidade regional, mas também o enriquecimento da tradição através dos sabores locais. A doçaria de Natal tem um papel indispensável nesta celebração. 

As rabanadas, o bolo-rei e as filhós são exemplos de doces que remontam à Idade Média, quando as práticas cristãs e pagãs se fundiram. Estes doces são carregados de memórias e emoções, transportando-nos para um tempo em que a partilha e a celebração familiar eram o centro das festividades. 

O bolo-rei, adornado com frutas cristalizadas e frutos secos, simboliza a oferta dos Reis Magos, com a fava escondida no seu interior representando a sorte e a partilha. 

Já as rabanadas são um símbolo de reaproveitamento e humildade, transformando o pão endurecido numa sobremesa de conforto, ao serem regadas com mel, açúcar ou canela. 

As filhós, cujas origens remontam à Idade Média, são um exemplo claro da simplicidade associada à alegria, com cada região a apresentar a sua variação, mas mantendo sempre a essência: massa frita. Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a doçaria de Natal  adquire sabores únicos. 

O bolo de mel da Madeira, influenciado pelas heranças árabes e africanas, é uma sobremesa que enriquece a mesa de Natal com os seus aromas exóticos, refletindo a diversidade cultural presente no arquipélago.

A gastronomia de Natal, mais do que uma simples necessidade alimentar, é um ritual que preserva a memória coletiva e reforça as crenças culturais. 

Celebrar o Natal através da comida é também homenagear a ligação entre o alimento e a tradição, lembrando-nos que a alimentação é não só um direito fundamental, mas também uma expressão cultural que nos define enquanto povo. Cada família portuguesa, ao reunir-se à mesa nesta época, está a preservar séculos de história e a celebrar a sua identidade nacional.

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