As últimas análises realizadas à qualidade da água da rede pública da aldeia de Abreiro, no concelho de Mirandela, revelaram a existência de índices de arsénio acima dos valores considerados normais.

As autoridades de saúde do concelho já comunicaram à população daquela aldeia que, por prevenção, devem ferver a água antes de a consumir. Esta situação está a deixar muito preocupados os habitantes e disso mesmo veio dar conta à última reunião da Assembleia Municipal de Mirandela, Ermelinda Pereira, uma moradora de Abreiro. “Nós sabemos que a nossa água é férrea, mas não esperávamos que na última análise fosse diagnosticado o arsénio, por isso estamos muito preocupados e foi-nos aconselhado a ferver a água, mas até quando e quem nos paga o gás, a luz e quem nos dá a saúde, porque nada nos diz que fervendo a água focamos livres de perigo”, diz.

Também a própria presidente da junta de freguesia de Abreiro manifestou essa preocupação na mesma reunião daquele órgão autárquico. “Detetaram a situação do arsénio, apesar de ser uma coisa mínima, e aconselharam a ferver a água para consumo, ou então comprar, mas há pessoas idosas que não têm possibilidade de comprar os garrafões. Já fizeram um novo tratamento e já foi novamente para análise e está a aguardar-se o resultado”, diz Ilda Fernandes.

Na resposta, a presidente da Câmara de Mirandela confirma essa informação. Júlia Rodrigues diz que “estão a ser feitos tratamentos para debelar a situação”, e que “estão a ser estudadas formas de resolver este problema da falta de qualidade da água em Abreiro”, que diz ser uma situação “que já tem décadas”. Segundo a autarca socialista, “já andamos a fazer uma auscultação no terreno para perceber se há outras formas de obter captações de água, que não aquela que temos atualmente, fizemos recolha de água em outras zonas, mas a qualidade também não era por ai além, pelo que vamos reunir com os técnicos para saber que soluções existem porque a água tem alguns problemas que podem ser minorados com a utilização de filtros e outras soluções, mas que têm de ser acompanhadas”, sustenta Júlia Rodrigues.

Como se isso não bastasse, a presidente da junta revela que estão a chegar contas exorbitantes de água aos moradores de Abreiro, principalmente a quem não indica a contagem. Ilda Fernandes sugeriu que a autarquia o faça de uma forma mais regular e prontificou-se a fazê-lo ela própria. “Antigamente eram 30 dias, mas agora contam os dias em que vão fazer a contagem até quando voltam a fazer a nova contagem, o que pode significar mais de 40 dias e não apenas os 30 dias”, refere.

“Para as pessoas mais idosas é difícil perceber porque alguém que não tenha nada em casa, não consome e paga mais do que outra pessoa que consome dois metros cúbicos que dá a contagem e paga menos. Ou seja tem a ver com a contagem que dá”, afirma a autarca de Abreiro.

Ilda Fernandes mostrou-se disponível para ajudar as pessoas a dar a contagem.

A presidente da câmara explica que esta discrepância nos valores “têm a ver de facto com a contagem que alguns habitantes não reportam ao Município” que tem poucos recursos humanos para esse trabalho, apelando a que essa prática seja mais comum. “O problema é que se não há leituras, o próprio programa informático faz uma estimativa que muitas vezes foge do que é o consumo normal o que implica a passagem para outro escalão, pelo que vamos reunir com a equipa interna para podermos ter campanhas de sensibilização e a possibilidade de fazer uma discriminação positiva às pessoas que dão as leituras”, sustenta Júlia Rodrigues.

Entretanto, a Presidente da Junta de Freguesia de Abreiro já se prontificou a ajudar na leitura da contagem do consumo de água.

Jornalista: Fernando Pires

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