Por: Tiago Morais – Estudante Universitário

A pandemia obrigou o mundo todo a adotar medidas, a ter cuidados e a adaptar-se a um “novo normal”. Confiamos e repetimos a frase “vai ficar tudo bem”, só não sabíamos que ia demorar tanto até comprovar se era realmente verdade.

As Universidades, como instituições que acolhem milhares de estudantes diariamente, tiveram de se reinventar. A aposta num ensino misto online/presencial era de esperar, assim como a criação de regulamentos e planos de prevenção. As atividades de lazer, eventos culturais e desportivos e tudo que envolva aglomerados de pessoas ficou em stand-by. Aos alunos é pedida responsabilidade e apela-se ao cumprimento das medidas de segurança impostas. No entanto, uma vida académica não se resume a estudar. O convívio entre alunos e todas as atividades que envolvam interações sociais são necessárias e ajudam na saúde mental dos jovens. É por isso necessário encontrar alternativas aos planos de atividades normalmente criados ao longo do ano, de forma a proporcionar aos estudantes (quase) tudo que uma vida académica tem para oferecer.

As associações e núcleos de estudantes têm agora este desafio enorme nas mãos. São estas equipas (também de alunos, convém reforçar) que são responsáveis pela maior parte das atividades académicas. São estas equipas que dão a cara (agora tapada pela máscara) para que os alunos sejam ouvidos. São estas equipas que se sentem realizadas ao ver os seus alunos bem integrados na universidade e no curso. Ou seja, o primeiro desafio passa por mudar toda uma logística funcional que tem sido usada ao longo dos anos. Criar atividades online é quase certo, mas atividades presenciais são precisas também. É necessário então, não só criar as atividades, como criar/seguir regulamentos e planos de prevenção e obter aprovação da Universidade para a realização das mesmas. Um segundo desafio passa pela parte financeira. Menos atividades presenciais e culturais significam menos retorno financeiro para os núcleos e associações de estudantes, logo uma menor margem de manobra. Um terceiro desafio (de uma enorme lista) refere-se à integração dos novos estudantes. As primeiras semanas costumam ser focadas nestes alunos, com uma oferta enorme de atividades que lhes permite conhecer colegas do mesmo ano, colegas mais velhos, conhecer a Universidade, a cidade e toda a rotina universitária. Conhecer presencialmente é diferente de conhecer por zoom. Passear pelos parques e correr os cafés emblemáticos com alguém mais velho é diferente de apenas ouvir falar neles. No início da Universidade há amizades que começam com “tens uma caneta que me emprestes?” e até isso está mais difícil.

Por mais que sejam os desafios, os núcleos e associações de estudantes têm de estar e vão estar à altura para criar alternativas. 

Não tenho o hábito nem gosto de citar frases, mas li esta há uns dias e aplica-se:

“A vida é 10% o que acontece e 90% como nós reagimos a isso” Charles Swindoll.

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