Por: Miguel Gomes – Escritor 

Na clausura onde apenas habita o medo, o nevoeiro deixa-se descobrir por quem sonha para lá das névoas que emolduram as montanhas vazias. 

O domingo tem um travo vazio, quando ousamos despir a rua de abandono, o macerar das rodas do carro no húmido empedrado que se faz chão, traz-me aos olhos uma torrente em aluvião. O que fazer à solidão? 

Das varandas, timidamente, casais despidos da formalidade dominical auscultam a rua da promovida aldeia em roupão, parecendo preparados para um hibernar forçado e chamando-lhe a isso o seu fado, pacatamente, como o caminhar de um prisioneiro, inocente, não que lhe assine a culpa a vida, mas porque lhes urdiram a existência de sonhos despida.

Calcorreio a tijoleira do alpendre numa antecipação do amanhã, que ainda não existe, ao ver que o chão seca-se da humidade como pode, sem ouvir os corvos num esvoaçar prenunciador de ninho pelas redondezas. A alegria, enfim, do negro que surge ter as pétalas nas asas, brilhantes, apesar das árvores, cortadas, crescerem agora tão distantes.

A turbulência do desvario que é o tempo fugir-nos por entre os dedos, trovoa a fala que abranda apenas quando, num abraço recolhido, uma criança esconde as lágrimas de encontro a mim e eu, na esperança do amanhã voador, questiono-me, quererá o Homem subsistir assim?

Termina o domingo, assim como as minhas mãos, ou os desejos de um futuro além deste muro. A família é o término da solidão, ainda que alguns vivam onde ainda não estamos, todos somos carícia morna e terna da mesma mão. Será isto que me escreve ou não?

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