José Pedro Ramos – Jornalista Canal N

Quando falamos de desertificação no interior podemos falar de oportunidades que o nosso território perde para se diferenciar pela positiva dos demais. 

Sou um defensor acérrimo dos produtos e serviços transmontanos. Por isso, acho que devemos dizer basta de alguma estupidez que caracteriza o nosso território. 

Dizer que a culpa da desertificação é mera culpa dos políticos que nos governam é no mínimo irónico. Irónico porque estamos a sacudir a água do nosso capote quando, no limite, os culpados até somos nós. Com isto não estou a desvalorizar as políticas que se podem e devem fazer para o território conseguir competir com outras regiões,mas sim, a demonstrar que é preciso mais. É preciso que cada um de nós valorize o que se faz por cá. É preciso mais, porque a perda da população não é um problema do município A ou B, não é da região C ou D, mas sim, de Portugal. 

Claro que a perda de população no nosso território assume contornos preocupantes mas o problema é geral.  E os culpados somos todos nós.

Esqueçam a quantidade, o nosso território nunca irá competir com outros nessa matéria. Aqui, a aposta deve ser na qualidade. Seja no trabalho qualificado, seja na transformação e sucessiva venda de produtos e serviços, a aposta terá de passar pela manutenção de ativos que produzam mais valias. 

Falta o quê? Estradas? Faltará uma ou outra estruturante. Universidades? IPB eleito por diversas vezes como melhor politécnico do país. Pessoas qualificadas? Também não será esse o problema. 

O problema está na desvalorização do vizinho. Somos um povo exímio a valorizar o que vem de fora. É o arquiteto que é italiano e por isso melhor, é o empresário que é inglês e melhor porque tem sotaque, é o médico que fala uma língua qualquer e já é ímpar na sua área. 

No fundo, a culpa da perda de população é nossa. Trazendo isto para a região, espanta-me ir a um supermercado, dirigir-me à garrafeira e não ter um único vinho de origem transmontana. Estranho deslocar-me a uma superfície comercial e não ver o melhor azeite do mundo na prateleira. Choca-me perceber que dificilmente conseguimos comer 100% transmontano. E será assim tão difícil? Olhando ao redor, praticamente tudo que comemos no dia a dia produz-se cá. 

Isto para dizer que somos nós, transmontanos, que nos excluímos. 

Nunca irei perceber porque não se compram mais serviços e bens produzidos na nossa região. 

Estamos num território em que toda a gente se conhece. Se ganhamos cá, porque não gastamos cá também? 

A desertificação não é o problema, é apenas o resultado das nossas escolhas. O problema somos nós, pessoas que podiam fazer uma descriminação positiva e não o fazem.

 A continuar assim, daqui a 20 anos seremos apenas e só meia dúzia.

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