Nesta altura do ano, numa época tão especial quanto sentida, falar ou escrever sobre o Natal, o seu significado, as suas tradições e inerentes emoções, acaba por constituir uma normalidade numa informalidade instituída.

A palavra NATAL passa, assim, a liderar o ranking das mais utilizadas. Talvez sem a desejável reflexão, sustentada com a “verdadeira” vida, ou seja com a genuína energia do amor, emergente do coração. Banalizar a palavra NATAL pode conduzir-nos a um desvio reflexivo e a um desleixo sem sentido.

Neste contexto, não posso deixar de recordar os meus tempos de criança, em que a minha mãe me preparava para as vivências do NATAL, de uma forma tão simples quanto sentida e especial. Sempre com o carinho e a proximidade que a caraterizava, falava-me do Menino Jesus bebé indefeso, pobre, necessitado de cuidados, que desceria pelas chaminés para levar presentes a todo o lado, da Sagrada Família, do Presépio, da Ceia, da “Missa do Galo”, e também da ajuda para a confeção dos “fritos” da Consoada, ainda feitos na “sertã” à lareira, devidamente acalentada. Até estas tarefas partilhadas se tornavam rituais que reforçavam as vivências natalícias positivas, promovendo o empenhamento, a confiança, a responsabilidade e a esperança no futuro.

Longe da azáfama das luzes, do Pai Natal desconhecido, do stress vivido, de um mundo relativamente confundido, das compras que “compram”, das confusões e dos encontrões, o NATAL de antigamente era diferente, certamente mais afetivo e coerente, sem as correrias e preocupações da vida moderna, com especial valorização do alimento, da educação, do carinho e da vida familiar partilhada e não da prenda materializada.

No tempos que correm, numa sociedade valorizadora da materialidade das luzes, dos ornamentos, que desviam olhares, valores e sentimentos, até o Menino Jesus fica esbatido, dando lugar a um Pai-natal de barbas compridas, oriundo de um país frio, viajando num trenó, que desliza num piso de neve escorregadio, puxado por umas renas com ar bravio. Até a vaquinha e o burrinho se sentirão desvalorizados e a manjedoura abandonada noutros lados.

Acabamos, assim, por ser “embalados” para viver um Natal de mentes confundidas, de luzes brilhantes, mas com muitas lâmpadas fundidas. Aposta-se em supérfluos “gastos” para o Zé-povinho ver e entreter e, assim, esquece-se, com relativa facilidade, o cidadão que vive sozinho, abandonado na rua, ao frio, tantas vezes sem comer, o idoso, um familiar, num lar, ou no hospital sem ter quem lhe dirija, ao menos, um sinal do NATAL. Regateamos o investimento, para atender a necessidades básicas da vida na ajuda a pessoas e famílias desfavorecidas, a instituições de solidariedade, e aplaudimos quando promovem dispendiosas ornamentações na vila, ou na cidade, deixando de lado o muito do que deveria acontecer na pura simplicidade.

O Natal deve ser fraternidade, solidariedade, misericórdia, respeito, amor e concórdia. Mais do que “comprar”, é determinante educar, formar, os afetos valorizar. O Natal é partilhar aquilo que somos e temos e alegrar os ambientes em que nos envolvemos. É ter espírito missionário visível nas palavras, mas, sobretudo nas atitudes.

Feliz Natal!…

Artigo escrito por Nuno Pires

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