Artigo de opinião escrito por Bárbara Rodrigues – Técnica Superior na empresa Resíduos do Nordeste e representante da Comissão Técnica de Acompanhamento de Políticas de Gestão de Resíduos

par·ti·lhar por definição significa, fazer partilha ou a divisão em partes de = COMPARTILHAR, COMPARTIR, DISTRIBUIR, DIVIDIR, REPARTIR , in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Como já perceberam, hoje vou falar (escrever) sobre partilha no seu todo e como precisa de ser assumida para uma região escalar o seu potencial. Volto ao mesmo de sempre somos uma região com imenso potencial, no termo de ser uma potência na economia nacional e internacional…mas como também sabemos não é por sonhar que “acontece”. É preciso fazer pelas oportundidades.

Falta escala a este “reino maravilhoso”. E como se consegue escala, numa região que também recebe todos os dias o sol? Partilhando!

Partilhando conhecimento, factos, necessidades, subprodutos, soluções… Para quê? E para quem? Para a oferta e para a procura. Por exemplo para as atividades do setor agrícola, florestal, pecuário: para as poucas startups que se afirmaram nos últimos 10 anos neste território; para os residentes e visitantes desta região.

A Comissão Europeia na sua agenda verde (talvez a mais desafiante da história) assume a necessidade escalar a partilha, nomeadamente do conhecimento, porque será?!

Comecemos então pelo conhecimento: assumo como triste que haja partes interessadas que não queiram partilhar conhecimento. Falo nomeadamente do que vejo diariamente quando passo p.e., ao lado de complexos industriais, agrícolas, em quintas do nosso Douro Superior envelhecidas pelo seu desuso, de leitarias que nunca foram utilizadas..etc, ou seja, exemplos de atividades que perderam o seu potencial no tempo.

Claro que sabemos que existem barreiras técnicas, sociais, culturais e de governação, e que muitas são colocadas a quem quer ajudar, ganhar, partilhar… Mas do que nos serve então o saber se não o partilharmos, não capacitarmos à nossa volta, não identificarmos e potenciarmos o crescimento, seja ele público e privado.

Outra questão para reflexão, qual é o valor que as pessoas atribuem ao seu território, ou mellhor, às funções do mesmo?!

É pela partilha que conseguimos informar, desagregar e desmistificar necessidades, lobbies, é sentados na mesma mesa que conseguimos com faciliadade criar escala. Escala traduz-se em influência, redes de trabalho fortes, com potencial para implementar modelos de negócios disruptivos mas necessários.

De que nos serve ter as terras, se não há mão de obra para as cultivar, e quando falo em cultivar não me refiro apenas à alimentação humana, porque aqui não faltam hectares para agricultura mas também para o fabrico de matérias primas que serão substitutos de materiais que estão a escassear, falo de soluções de base biológica.

A semana passada ouvi dizer ao “pai” do Senhor que desenhou o Plano de Recuperação e Resilência para este país, que “não nos deveriamos ter divorciado da natureza”. E não tecnicamente falando, pagaremos muito caro por esta decisão que nos foi imposta também pela UE nos tempos em que ouvia dizer que seriamos uma europa de serviços!!

Mas se a Natureza é uma tendência necessária, então precisamos de ter escala fora e dentro desta região, o que se traduz em:

  • Pessoas que tenham vontade de aprender (independentemente de serem ou não “santos da casa”);
  • Investigar, desenvolver, inovar;
  • Criar em tempo útil novos mercados neste território, soluções resilientes em todas as suas frentes.

A agricultura neste território é sem dúvida um dos setores estratégicos, mas não foi por isso que foi financiado qualquer projeto mobilizador no PRR. Porquê? Não foi por falta de tentativa, mas a verdade é que provavelmente os projetos não foram desenhados com uma estratégica integrada robusta, com influência. Apesar de se demosntrar a necessidade de uma cadeia de valor circular no seu todo, nos últimos anos, este setor não se escalou em todas as suas fases e isso deixou marcas. Falo de um setor de atividade que não“se une todas as pontas”.

Sabemos que é preciso partilhar para sermos incluídos. Partilhar sobretudo exemplos. A partilha de exemplos pode vir de uma ampla gama de áreas onde p.e. incluem plataformas digitais, mas não só.. redes, iniciativas, projetos, partilhem-se então iniciativas inteligentes desenhadas para potenciar a possibilidade desta região se afirmar economicamente, crie-se uma ECONOMIA DE PARTILHA, caso contrário, daqui a 50 anos não teremos histórias de valor para partilhar..

Partilhar não significa generalizar as funções do que se faz em cada município ou equivalente, ou perder o genuíno, a identidade. Partilhar entra no segundo princípio da economia circular pois só assim se consegue ter uma economia de alto rendimento…

É triste ver programas eleitorais, de ação estratégica, ou outros, que não estão orientados para o potencial da região…

Desenhar e produzir com padrões minímos de sustentabilidade é sem dúvida um desafio “desmotivador”, não é por caso que a etiqueta mais comum é “made in china”, mas partilhe-se este modo de vida e de negócio também nesta região, para amortecer os lobbies, para educar os consumidores e atrair os investidores!

E dos nossos dias de lazer, partilhem-se sabores, paisagens, trilhos, terras, pessoas, partilhe-se um território que precisa de ter influência para ser influenciado.

Do começar ao escalar vai uma boa dose de partilha, eis, pois uma Economia Circular!

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