Artigo de opinião escrito por Lídia Praça | Presidente da MEL – Mulheres Empreendedoras da Lusofonia

Nos últimos anos, temos testemunhado um crescimento alarmante na produção e disseminação de notícias cujo foco central é o medo e o ódio. Este fenómeno não se resume apenas a uma legítima preocupação com a verdade, mas também reflete mudanças significativas na forma como consumimos a informação e como ela impacta nas nossas vidas e na sociedade como um todo. Importa, pois, explorar as origens deste tipo de narrativa, as suas consequências e a necessidade de uma abordagem mais crítica e ética.

I – A ascensão do medo e do ódio nas notícias

O medo e o ódio têm uma capacidade quase mágica de captar a atenção do público. Essa dinâmica é explorada por muitos meios de comunicação que, em busca de audiências, dão primazia a histórias sensacionalistas que evocam emoções extremas. Isto reflete-se nas manchetes agressivas que dominam as redes sociais e os principais veículos de comunicação. A técnica de clickbait (isca de cliques) tem-se tornado uma prática comum, onde a publicidade e os títulos exagerados atraem leitores, independentemente da veracidade ou da profundidade da informação.

Além disso, a polarização política e social tem alimentado a dicotomia entre o “nós” e o “outro”. Quando as notícias passam a ser moldadas por narrativas que promovem o medo do outro – seja ele um indivíduo, um grupo social ou uma nação – criam-se bolhas de desinformação que perpetuam a hostilidade. Esta situação é ainda mais agravada nas redes sociais, onde o comando de algoritmos tende a favorecer conteúdos que geram aliciamento, ignorando-se a importância de uma informação qualificada e equilibrada.

II – Consequências sociais e psicológicas

O impacto destas narrativas no tecido social é profundo. Quando as pessoas são constantemente expostas a notícias que enfatizam o medo e o ódio, isso pode resultar numa série de consequências psicológicas; desde logo, a ansiedade e a desconfiança em relação aos outros aumenta e, consequentemente, a empatia diminui, estabelecendo-se a probabilidade séria de um nexo de causalidade com problemas de saúde mental.

Por outro lado, a normalização do ódio nas narrativas dos Mídia, incluindo as redes sociais, pode incitar a comportamentos agressivos e promover divisões sociais. Esta retórica que, como bem sabemos, é frequentemente alimentada por modelos políticos e sociais, pode levar a uma escalada de violência e intolerância não desejável.

III – O papel dos Mídia

É inegável o papel fundamental dos Mídia na formação da opinião pública e, apesar da presença devoradora de um ecossistema mediático onde a velocidade se sobrepõe ao rigor, persistem, todavia, jornalistas e organizações que garantem a primazia do jornalismo de investigação, comprometido com a verdade e com a construção de uma sociedade mais informada.

IV – A necessidade de uma abordagem crítica e ética

Diante do tsunami de notícias que, diariamente, nos assola é elementar que o público desenvolva uma postura crítica em relação à informação consumida. Isto envolve não apenas a necessidade de confirmar a veracidade das fontes, mas também questionar as narrativas subjacentes. Perguntas como: qual é o intuito desta notícia, quem beneficia com esta informação ou, qual é o efeito dela na sociedade, devem estar permanentemente presentes no nosso espírito.

Destaco, em resumo, que o aumento de notícias centradas no medo e no ódio é um fenómeno complexo, enraizado em questões sociais, políticas e económicas, sendo imperativo que, enquanto coletivo, abordemos esta questão de maneira proativa, tanto na forma como consumimos informação como na maneira como a reportamos. A construção de um ambiente informativo saudável não é apenas uma responsabilidade da comunicação social, mas de cada um de nós e só partilhando essa responsabilidade poderemos avançar em direção a uma sociedade mais coesa e justa, onde o diálogo e a compreensão superem as narrativas que dividem e alimentam o ódio e o medo.

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