Por: André Morais – Jornalista *

Um mês de estado de emergência – e, provavelmente, mais alguns dias em casa – multiplicou doutores, epidemiologistas e cientistas, políticos, juristas e jornalistas. As licenciaturas rápidas das redes sociais só não formam, por estes dias, ‘desportivistas’. E não deixa de ser curioso que pandemia tenha virado o mundo do avesso, mas não tenha mudado o que há muito desconfiamos: mudamos de mulher, de partido e até de religião, mas não mudamos de clube. E só isso justifica que o mérito não seja, por esta altura, uma questão absolutamente consensual. Por exemplo, alguém conseguirá perceber que o GD Bragança não desça ao Distrital se o Vimioso se mantiver por cá? Alguém conseguirá perceber que o Pioneiros de Bragança não desça ao Distrital se o CSPSB Vila Flor continuar por cá? Provavelmente sim. Mas não devia.

A impossibilidade de se jogar em segurança é inatacável, determinante e absoluta. E não há conspiração mirabolante que a possa a anular. Como devia ser o prémio a que mais se destacou naquilo que foi possível jogar. Há dezenas de cenários imaginários, milhentas conjugações de resultados que nos podem levar a todas as conclusões (e classificações) e mais algumas. Mas nenhuma deixa de ser virtual. O real diz-nos que 75% do caminho foi percorrido e na fuga para a vitória houve os (ainda) mais competentes entre os muito competentes. É injusto para o Rebordelo ou para a AE Africanos de Bragança? Claro que sim. E mais ainda para a ACDR Vale Madeiro. Mas não seria muito mais para quem lidera?

Creio – estou mesmo muito convencido, aliás – que a Federação Portuguesa de Futebol vai integrar os campeões do mérito nas provas nacionais imediatamente acima. Porque a ausência de determinação não se pode confundir com decisão, porque as associações desportivas regionais são unânimes nas opiniões (já agora, um aplauso para a AF Bragança, que é a nossa) e, sobretudo, porque nenhum indulto acima seria aceitável abaixo. O GD Bragança e o Pioneiros de Bragança só merecem ficar se tiverem a justa companhia de quem os ia ultrapassar.

*  Este é um espaço de opinião e deve ser sempre entendido como tal. Jornalista de profissão há 16 anos, faço-o em exclusivo em O JOGO desde 2008, o que muito me orgulha. Nasci e resido (sempre que possível) em Vila Flor e tive funções de dirigismo desportivo local no principal clube do concelho durante 15 anos. Esta apresentação ajudará a enquadrar o que venha, futuramente, a escrever neste espaço. Comunicação e futebol, essencialmente.

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