“Pode a cor ir além de uma análise sensorial quando se prova um cálice do Vinho do Porto?” é a pergunta que uma investigação realizada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) pretende responder. O inquérito revela que a cor é uma ferramenta de diferenciação dos estilos e da idade do Vinho do Porto.

“A cor dos vinhos do Porto é muito mais do que um matiz agradável aos olhos do provador” refere Fernando Nunes, investigador envolvido no inquérito. “É um indicador-chave que permite distinguir os estilos de Vinho do Porto Ruby, Tawny e Branco independentemente da idade e também discriminar os vinhos do Porto Branco e Tawny com diferentes indicações de idade, que podem ir de 10 a 50 anos”.

“Discrimination of Port wines by style and age using chromatic characteristics, phenolic, and pigment composition” é o nome do estudo que revela que “a diferenciação é particularmente relevante nos vinhos mais envelhecidos, como é o caso do Tawny e do Branco, e também nos Tawny e Ruby mais jovens”.

Essas distinções “explicam-se pelas variações na composição fenólica e de pigmentos entre esses estilos de Vinho do Porto”. Com o envelhecimento esses vinhos apresentam “um aumento nos valores de luminosidade, uma diminuição de coloração vermelha e um aumento da coloração amarela”, efeito este que se explica pela “oxidação dos compostos fenólicos e perda de antocianinas por por polimerização” explica Fernanda Cosme.

A equipa do Centro de Química da UTAD analisou 146 amostras envelhecidas na Região Demarcada do Douro e nas caves de Vila Nova de Gaia.

Recorrendo ao método espetrofotométrico, que monitoriza, de forma simples e rápida, os parâmetros de cor, os investigadores acreditam que esta pode ser a solução mais rápida e vantajosa para os produtores, isto porque “com este sistema, que pode ser usado tanto em bancada de laboratório como em adega, os produtores vão poder ter ao seu dispor um guia de padronização quando fazem os lotes, permitindo-lhes um maior controlo de qualidade e estandardização dos seus lotes”, finaliza Fernando Nunes.

Jornalista: Lara Torrado

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