Artigo de Opinião de Nuno Amendoeira- Professor de Educação Física

Portugal é uma nação com excelentes atletas, treinadores e dirigentes em várias modalidades. O sucesso das equipas e seleções portuguesas em competições internacionais, bem como dos intervenientes lusos que atuam no estrangeiro, é um indicador dessa riqueza. Mas será esta qualidade suficiente para assegurar um futuro sustentável e promissor do desporto em Portugal?

 A meu ver há três aspetos principais que podem contribuir para a melhoria do nível global do desporto português: condição económica dos clubes, qualidade das equipas e público nos recintos desportivos. Estes três factores estão relacionados entre si funcionando como um ciclo. A condição económica tem a ver com o poder financeiro que os clubes têm ao seu dispor e com a forma como rentabilizam as suas verbas. A qualidade das equipas traduz-se acima de tudo pelo talento dos atletas e treinadores, nos resultados e na atratividade dos jogos praticados e oferecidos a quem os vê. O fator público é medido pelas pessoas que vão assistir ao vivo aos espectáculos desportivos e que compram bilhete.

 Uma maior qualidade das equipas/atletas poderá traduzir-se num aumento de público nos recintos e melhorar a condição económica dos clubes, pela afluência e pelos resultados. O público ajuda os clubes a terem mais dinheiro, que pode ser canalizado para a melhoria das equipas. A condição económica dos clubes pode servir para aumentar a qualidade das equipas/atletas, o que poderá conduzir à maior presença de público.

Acredito que melhorando um dos três factores, os outros tendem a melhorar também no sentido de potenciar em primeiro plano cada clube, e consequentemente, o panorama desportivo nacional. Para além de uma conjetura legal favorável ao desenvolvimento das entidades desportivas, onde o papel do dirigentes é fundamental, pode haver meios que impulsionem os fatores que enunciei. O preço dos bilhetes pode ser um obstáculo para haver mais pessoas nos recintos desportivos, principalmente nas divisões mais baixas. Se virmos os exemplos de Inglaterra, Espanha, Alemanha, França, etc., vemos que há uma maior afluência de pessoas quando comparado com Portugal visto que nestes países há uma cultura de apoiar “os da terra”. Em Portugal faz falta que as pessoas apoiem os clubes das suas localidades e não só os clubes da ribalta. A continuidade da formação de atletas também ajudará a conduzir a estas melhorias necessárias, acima de tudo se for possível mantê-los a competir em Portugal.

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