Artigo de opinião escrito por Nuno Pires- direção do Estabelecimento Prisional de Bragança

No dia a dia é comum ouvir-se, com alguma frequência, o adágio “enterrar a cabeça na areia como um avestruz”. E digo com regularidade, porque são em número considerável as situações de vida que sustentam este saber proverbial. Considerações, fruto dos comportamentos humanos desprovidos de elevação, verticalidade, personalidade e convicção, ou mesmo de falta de capacidade de reconhecer o erro e ausência de valores éticos e morais. Diga-se, uma atitude de humildade, de reconhecimento do erro/falha com dignidade e elevação.

Ao contrário do que se popularmente se pensa, é sabido que o avestruz não enterra, ou mete, a cabeça na areia, quando quer fugir a uma situação de perigo, ou dissimular-se para confundir o possível inimigo, ou mesmo para se esquivar a um problema e não o assumir de “frente”, responsavelmente. É que o avestruz perceberá que se enterrasse a cabeça na areia correria o risco de morrer sufocado. Portanto, como se poderia dizer utilizando uma linguagem boleira, “enterrar a cabeça na areia”, além de ser uma forma de não querer assumir erros/falhas, encarando seriamente para os problemas e as consequências daí decorrentes, ou situações embaraçosas, procurando torná-los menos percetíveis, será, também, um “chutar a bola para a frente sem orientação definida…chutar para canto”, evitando ter o “esférico” em seu poder, desresponsabilizando-se do essencial de um modo pouco leal, nada coerente e de falta de ética evidente. Evidenciando, até, uma falta de respeito para com os demais, os “outros”. Com efeito, tratando-se de um problema social, este agrava-se mais, ainda, quando se verificam com muita regularidade posturas de agachamento, de fuga omissiva para frente, esperando, cobardemente, que o “perigo” esbatidamente se ultrapasse ou para o esquecimento passe. Diria, até, no sentido de ser conseguido um certo tipo de branqueamento comportamental, ou posicional, para que tudo pareça tornar-se normal.

Assistimos, assim, a uma contaminação negativa, desprovida de valores elementares, ao nível educativo e de personalidade, que quase passa a ser moda, sem, sequer, ser ensaiada a mínima motivação para a reparação num contexto de resiliência. Ora este tipo de epidemia militante, tantas vezes sustentada nalguma incompreensível infantilização, gera posturas e auto-estimas desorganizadas, criando personalidades “pseudo-autistas”, que não se encontram, nem encontraram no púlpito da vida, o enquadramento potenciador da valorização do egocentrismo em todo o seu esplendor.

Por vezes até fico a pensar, sobretudo quando estas atitudes emergem de ambientes eruditos, elitistas circunscritos e aparentemente organizados, que estaremos perante uma “doença de valores” socialmente “crónica”, difícil de combater, tanto mais que “enterrando cabeça na areia” além de potenciar drasticamente a redução do ângulo de visão do meio envolvente, nem sequer permite uma auto-visão minimamente abrangente, de modo a potenciar uma auto-avaliação construtiva, regeneradora, dinâmica e consciente.

Mesmo reconhecendo que é processo por vezes difícil assumir, só reconhecendo-nos com falíveis, fracos e pecadores, com demonstração de disponibilidade para a introspeção e auto-avaliação construtiva, acabamos por fazer toda a diferença na transmissão de confiança e honestidade, positiva e sustentada.

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