Por: Tiago Morais- Estudante Universitário

Quando foi decidida a suspensão das aulas presenciais e a consequente mudança para o regime de aulas online (ensino à distância), admito que estava otimista. Em várias conversas com amigos, eu defendia até que podia ser um passo importante para haver uma reestruturação positiva no ensino. Uns meses depois a opinião é diferente.

Sobrecarga, cansaço, desmotivação. As três palavras que são usadas mais vezes nas conversas que tenho sobre este semestre anormal. Conversas estas que vão acontecendo com pessoas de diferentes ciclos de estudo universitários, pertencentes às várias áreas de conhecimento existentes e de diversas Universidades pelo país fora.

O cansaço é um “amigo” já bem conhecido, que nos bate à porta frequentemente, principalmente no fim do semestre. 

No entanto, desta vez decidiu chegar bem mais cedo, entrou sem bater e nunca mais quis sair. Trabalhos diferentes para fazer todas as semanas, aulas extensas em frente a um computador que são dadas da mesma forma que eram dadas presencialmente e métodos de avaliação prejudiciais. 

Os trabalhos fazem lembrar um jogo de Tetris: vão chegando, um de cada vez, a um ritmo cada vez maior que nos obriga a “despachá-los”, como melhor conseguirmos, para não deitar tudo a perder. 

Algumas aulas não passam de um constante monólogo do professor, sem sequer haver a tentativa de interagir com os alunos: na primeira meia hora há concentração no que está a ser dito; na segunda meia hora os olhos estão a acompanhar uma espécie de jogo de ténis, em que um campo é a aula e o outro são as horas; daí para a frente o aluno vê-se perdido a navegar num mar de distrações ao som de “Introdução à matéria X”. 

As câmaras desligadas dos alunos na maioria das aulas são também um fator que prejudica a aula e que acredito que possa desmotivar um professor. 

Quanto aos testes, percebo a dificuldade que há em encontrar a forma mais justa de os fazer nestes moldes. No entanto, os alunos não podem sair (ainda mais) prejudicados! O método de avaliação deve ser sempre discutido entre professores e alunos, e a proibição de se poder deambular pelas perguntas do teste nunca devia ser imposta. É um método que nos causa mais pressão e que nos obriga a responder, mesmo sem estar certo da resposta, para poder passar para as outras perguntas. Para além disto, não ajuda à concentração ouvir o ruído de dezenas ou centenas de microfones ligados durante um teste.

Felizmente nem tudo é mau! Há professores e alunos que se conseguiram adaptar bem a esta nova realidade, cujas aulas foram reestruturadas e onde a participação de todos se revelou fulcral. Há compreensão dos dois lados e um caminhar na mesma direção. Vamos fazer destes casos exemplos para que todos possamos continuar a aprender à distância (se necessário), sem nunca ficar distantes de aprender.

* Tiago Morais, natural de Mirandela e Licenciado em Biotecnologia pela Universidade de Aveiro. Atualmente frequenta o Mestrado em Biotecnologia na Universidade de Aveiro e é Vogal do Setor Desportivo-Cultural do Núcleo de Estudantes de Química da Associação Académica da Universidade de Aveiro.

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